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A Águia Voando

Todas as coisas estão destinadas a serem renovadas. E a águia aponta para essa renovação. Isaías 40:31 diz: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças. Subirão com asas como águias”. E o Salmo 103:4-5 diz que o Senhor é quem nos redime da perdição, e enche a nossa boca de bens, de sorte que a nossa “mocidade se renova como a da águia”. E é sobre essa renovação que falaram todos os profetas. Em seu segundo discurso após o Pentecostes, Pedro se refere aos “tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”(At.3:21). O mesmo espírito que falava pela boca dos profetas é aquele que é enviando por Deus para “renovar a face da terra”(Sl.104:30).
O ser semelhante à águia voando aponta para o Espírito da Profecia. Apocalipse 19:10 afirma que “o testemunho de Jesus é o espírito da profecia”. E qual é o espírito da profecia? Reformulando a pergunta: em que direção apontam as profecias? Sobre o quê elas falam? Sobre destruição ou sobre renovação? Para respondermos a isso, temos que responder antes acerca do testemunho de Jesus.
Importa saber o que Aquele que está no Trono diz. Qual o Seu testemunho? Tudo o que dizem os profetas deve ser abalizado por aquilo que diz o Cristo entronizado. Vale observar que do quarto capítulo de Apocalipse, até o capítulo 20, não encontramos qualquer pronunciamento de Cristo. Encontramos selos, taças, trombetas, pragas, juízos, clamores, louvores, mas não encontramos qualquer pronunciamento direto, feito pelos lábios de Cristo. Até o capítulo 20, Deus fala apenas através dos anjos. Mas no capítulo 21, algo inusitado acontece. Atenção todos os moradores dos céus e da Terra! Aquietai-vos para ouvir o pronunciamento d’Aquele que está assentado no Trono:

“E o que estava assentado no trono disse: Faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve, pois estas palavras são verdadeiras e fiéis. Disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim”. Apocalipse 21:5-6a

Ele tem a palavra final! Os juízos de Deus não são um fim em si mesmos. O propósito de Deus não é a destruição de tudo, mas a sua inteira renovação. Tudo o que foi falado até agora, deve ser submetido à Palavra final, à revelação definitiva. Na palavras de Pedro, “temos ainda mais firme a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que ilumina em lugar escuro, até que o dia clarei, e a estrela da alva surja em vossos corações. Acima de tudo, lembrai-vos de que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo”(2 Pe.1:19-21). Não podemos isolar qualquer profecia de seu contexto mais amplo, e dar a ela uma interpretação particular. Todas elas só podem ser compreendidas quando lidas a partir de seu maior cumprimento: a Encarnação, Morte, Ressurreição e Entronização de Jesus Cristo.[1] O escritor sagrado diz que “havendo Deus outrara falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos destes últimos dias pelo Filho, a quem constitiu herdeiro de tudo, por quem fez o mundo. O Filho é o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa, sustentando todas as ocisas pela palavra do seu poder. Havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou[se à destra da Majestade nas alturas. Assim ele se tornou tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que o deles (...) Pois se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda violação e desobediência recebeu justa retribuição, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram. Também Deus testificou com eles, por meio de sinais, prodígios e vários milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos segundo a sua vontade. Não foi aos anjos que Deus sujeitou o mundo vindouro, de que falamos”(Hb.1:1-4; 2:2-5).
Tudo o que fora dito por anjos, ou por profetas, tem o seu valor. Através deles, Deus revelou Seus mandamentos e juízos. Mas algo ficou oculto por muitos séculos: Seu propósito. Este só foi conhecido através da revelação do Filho de Deus. Embora tais propósitos já houvesse sido esboçados pelos profetas, eles permaneceram ocultos, para além da compreensão humana, até que Cristo no-los revelou pelo Seu Espírito (1 Co.2:10). Repare nas seguintes Escrituras:

“...conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora, e foi dado a conhecer pelas Escrituras dos profetas, segundo mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé”. Romanos 16:25b-26.

“E desvendou-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra”. Efésios 1:9-10

“E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que a tudo criou (...) segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor”. Efésios 3:9,11

O quê Cristo veio revelar, e que ainda não havia sido revelado plenamente? Quê propósito secreto seria esse? Paulo resume dizendo que o propósito oculto de Deus era o de fazer convergir em Cristo todas as coisas, dos céus e da Terra. Em outras palavras, o propósito eterno de Deus é desfazer o que o pecado produziu: separação. “Para isso se manifestou o Filho de Deus: para desfazer as obras do diabo”(1 Jo.3:8). O pecado trouxe ruptura entre o céu e a terra, e conseqüentemente, a alienação de toda a raça humana. Uma vez separado da fonte primeva, todo o Universo estava fadado a morrer. O homem foi a porta de entrada para o pecado no cosmos. Cristo veio reverter esse processo. Nele, céu e terra se unem novamente. E tudo aquilo que promovia separação, agora era desfeito em Sua própria carne (Ef.2:14). Seu sacrifício reconciliou a criação com o Seu Criador (Cl.1:20). E o fruto dessa reconciliação é a renovação de todas as coisas. Paulo brada com entusiasmo: “Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo”(2 Co.5:17-18a).
Um novo céu e uma nova terra foram agora engendrados. A Cruz foi o lugar do reencontro entre o Pleroma Divino e o pleroma criado. Toda a realidade se unificou em Cristo. E desse casamento, foram concebidos “novo céu e nova terra”.
Embora a concepção tenha se dado na Cruz, aguardamos ansiosos, o momento do parto. Aquilo que hoje está sendo gerado em oculto, no ventre da criação atual, um dia vira à luz. Quando Cristo vier em glória, então, uma nova realidade será parida. Todas as coisas serão amplamente restauradas e renovadas.
A Igreja, imbuída do mesmo espírito de águia, deve anunciar tanto os juízos de Deus sobre a maldade humana, como também a renovação de todas as coisas, já iniciada pelo Espírito Santo, através da atuação da Igreja no mundo. Em Apocalipse 8:13 lemos: “Enquanto eu olhava, ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia com grande voz: Ai, ai, ai dos que habitam sobre a terra! Por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que ainda vão tocar”. Compete à Igreja anunciar os juízos, mas enxergar e conclamar os homens a enxergarem para além dele. Ela deve anunciar as coisas que tem visto, as que são, e as que “depois destas hão de acontecer”(Ap.1:19). Em outras palavras, a igreja deve apresentar ao mundo uma síntese dos propósitos de Deus, abarcando o que já passou, o que se está sucedendo, e o que está por vir. Como uma águia, a igreja deve ter uma visão panorâmica da realidade. Por causa de seus potentes olhos, a águia não apenas enxerga à grande distância, mas ela também tem uma visão de 360º . O Espírito Santo nos capacita a ter uma visão de águia.
Somos levados a crer que tudo o que sucede hoje, e o que tem sucedido ao longo da história, tem um propósito a ser alcançado. Não há acidentes. No fim, quando todas as peças do quebra-cabeça houver sido encaixada, veremos a figura perfeita do mosaico. Tudo, finalmente, fará sentido.
A Igreja tem uma vocação profética. E portanto, tem o compromisso de ser voz de Deus no mundo. João diz que foram dadas à igreja, representada no texto por uma mulher, “as duas asas da grande águia”(Ap.12:14). Isso não apenas nos coloca “fora da vista da serpente”, mas também nos confere uma visão dos propósitos de Deus. Não podemos simplesmente monopolizar tal conhecimento, mas anunciá-lo ao mundo, para obediência das nações (Rm.16:26).
Ao sermos reconciliados com Deus, foi-nos confiado “o ministério da reconciliação (...) De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus através de nós rogasse. Rogamos-vos da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus”(2 Co.5:18b,20). O mundo será renovado à medida que os homens forem reconciliados com o Criador.
Isaías 61
[1] Veja que paralelo incrível: Encarnação – Homem ; Morte – Touro ; Ressurreição – Águia ; Entronização – Leão.

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